novembro 01, 2013

UMA IDEIA NA MÃO, UMA CÂMERA...


Ilustração para a Revista Puc Minas, que inverte graficamente a conhecida máxima de Glauber Rocha. A matéria trata do resgate da sigla FCA, ou melhor, da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas. Fala de um retorno às origens daquela instituição de ensino. A Escola de Cinema da UCMG, fundada em 1960, foi o embrião da Faculdade de Comunicação Social, criada na década de 1970. O curso de específico de cinema se fez necessário novamente. O Brasil ocupa hoje uma posição destacada no cenário latino-americano de audiovisual. Em tem sido procurado pelos países do continente para ser coprodutor em obras cinematográficas. A PUC Minas, através da FCA, pretende ser um pólo de criação audiovisual e de formação de roteiristas, produtores, cenógrafos, iluminadores, diretores de arte, diretores de fotografia, especialistas em dramaturgia, entre outros.

outubro 25, 2013

E QUEM NÃO ODEIA?


Capa recém-projetada para a nova edição do livro de Ignácio de Loyola Brandão. O título deixa explícito o espírito da obra. Era preciso fugir, portanto, da armadilha da redundância. Nesses casos é melhor pegar atalhos, dizer menos ou sublinhar com hipérbole e ironia. Loyola propõe subverter a lógica e ordem insuportável que toda segunda nos sugere. Caçoa da maldição. Trata, de viés, da busca pela felicidade inatingível. Pessimista, talvez. Mas o autor abusa do humor, de um surrealismo sarcástico e das saídas surpreendentes. Optei por uma capa sintética e conceitual: uma semana, em sua rotina, representada por sete fósforos alinhados. Um dos quais, o segundo, sempre queimado. O projeto gráfico de capa dialoga com as demais novas capas dos livros do autor, feitas para Global Editora.

outubro 03, 2013

BATE E CONTAGIA


Ilustrado por mim, este é o segundo livro de literatura infantil escrito pela reitora da Unilab, Nilma Lino Gomes. O menino coração de tambor, um lançamento da Mazza Edições, é uma homenagem ao  admirável Evandro Passos, professor de dança afro-brasileira, bailarino e coreógrafo. Cuja sensibilidade já se manifestava na barriga de Dona Conceição, em Diamantina, uma das cidades mais musicais de Minas Gerais.


Com delicadeza a escritora conta o nascimento do menino, cujo coração entrava em compasso com as notas musicais de qualquer ritmo envolvente. O leitor acompanha ainda sua trajetória musical, da infância à fase adulta, da vocação precoce à maturidade exuberante. Evandro Passos trabalhou na Brésil Vulcanique e com a Ritmo da Capoeira, duas associações criadas por franceses com foco na cultura brasileira. Hoje é membro definitivo do Comitê Internacional de Dança (CID) da Unesco, com sede em Paris, que reconheceu sua contribuição pública ao resgatar adolescentes e jovens das periferias através da arte. 


Agradeço muito à Mazza e ao Pablo pelo convite e oportunidade de colaborar nesse livro cheio de ternura, entusiasmo, realidade e espontaneidade. A arte imita a vida e, por vezes, bailam juntas. Belo o catálogo da Mazza Edições, editora mineira que prima pela publicação de temas relevantes das culturas brasileira e afro-brasileira. Axé!

outubro 02, 2013

Este não é um romance no sentido habitual do termo. O livro reúne relances da descoberta da vida por Paulinho. Uma criança que pela imaginação do­mina a realidade. Mas o enredo, nesse romance da infância, é somente um pano de fundo sobre o qual os episódios se destacam, sempre carregados de intensidade e delicadeza, essenciais na obra de um dos grandes escritores brasileiros contemporâneos. A cidade de São Luís do Maranhão, onde Orígenes Lessa passou a infância, inspirou o livro. E seus famosos azulejos também foram o mote para o projeto gráfico de capa, a pedido da Global Editora.

setembro 25, 2013

JABUTI TARDA MAS NÃO FALHA



Como herança européia herdamos a ideia de que esperta é a raposa. Mas para uma infinidade de povos ameríndios e também entre etnias africanas esse papel é do jabuti. Nos contos populares brasileiros, como legado dessas matrizes, há várias narrativas protagonizadas por jabutis. Este livro escrito pelo nigeriano Sunday Ikechukwu Nkeechi – mais conhecido como Sunny – reúne cinco saborosas aventuras desse aparentemente frágil, mas longevo animal. Cada uma delas mostra como a tartaruga é sempre capaz de se safar graças a sua sagacidade, astúcia e inspiradora sabedoria.



Ilustrei este livro de Sunny partindo da produção artística e material dos povos da Nigéria, em particular, a escultura e os objetos cotidianos. Tais referências foram reinventadas em função dos contextos e ideias do texto. Na Nigéria há uma diversidade notável, são mais de 250 grupos étnicos diferentes! Há a arte Igbo, a Yorubá, a escultura Kalabari, os bronzes do Benin, as figuras de terracota e bronze de Ile-Ife, a arte do povo Nok, entre outras fantásticas expressões. As aventuras de Torty, a tartaruga, de Sunny, é um lançamento da Editora Paulinas. Recomendo a resenha da obra assinada pela Áurea Cármen Rocha Lira, no blog do PROLIJ.



agosto 14, 2013

SOY LOCO POR TI, AMÉRICA!


Obra da escritora Silvana Salerno, este HISTÓRIAS DA AMÉRICA LATINA reúne vinte e duas narrrativas de países latino-americanos, cada qual ilustrada por um artista brasileiro, com técnicas e abordagens bastante próprias. Uma valiosa oportunidade de comparar nossos contrastes e semelhanças. O livro traz retratos de nosso continente mestiço e aberto, do repertório de diversas nações e tradições culturais ricas e variadas. Para ouvir a entrevista da escritora para o programa Universo Literário, sob o comando da jornalista Rosaly Senra, é só clicar aqui

A figura à direita é a mítica personagem das altas montanhas da República Dominicana: a ciguapa, misteriosa mulher indígena de longa cabeleira, com pés delicados voltados para atrás como os do curupira, de natureza noturna e capaz de enfeitiçar os homens. Será uma herança do povo Taino? Ou terá talvez origem africana, de tempos coloniais? Quem poderia dizer?

Produzi essa linoleogravura da ciguapa, a capa e o mapa interno, além de assinar o projeto gráfico com o Eduardo Okuno. A mesma Editora Planeta lançará em breve uma outra antologia de histórias, da mesma linhagem, sob outro tema. Uma vez mais sob nossos cuidados gráficos. 

junho 11, 2013

COBRA PREMIADA



Tiago Hakiy é poeta, escritor e contador de histórias tradicionais indígenas, amazonense de Barreirinha, estado do Amazonas, filho da etnia Sateré-Mawé. É autor de vários livros tais como Águas do Andirá; Quinta estação e Petrópolis. Dele também tive a honra de ilustrar Awyató-pót: Histórias Indígenas para Crianças (Editora Paulinas). É membro do Núcleo dos escritores e artistas indígenas (NEARIN). Formado em Biblioteconomia pela UFAM (Universidade Federal do Amazonas), Tiago atualmente ocupa o cargo de subsecretário de Cultura, Turismo e Meio Ambiente no município de Barreirinha. 



Publicada pela Atêntica Editora, Guaynê derrota a Cobra Grande - Uma história indígena, deTiago Hakiy, foi a obra vencedora do 9º Concurso Tamoios de Textos de Escritores Indígenas, em 2012. O prêmio é uma iniciativa da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), seção brasileira do International Board on Books for Young People (IBBY) em parceria com o Instituto de Propriedade Intelectual Indígena (INBRAPI), por meio do Núcleo de Escritores e Artsitas Indíegnas (NEArin), que dá o reconhecimento ao trabalho inédito da escrita literária criada por indígenas, como uma forma de fortalecimento da nova década de povos indígenas (2005-2015), conforme a proclamação da UNESCO.


maio 27, 2013

A GENTE É O QUE COME


Yaguarê Yamã é escritor, ilustrador e geógrafo formado pela Universidade de Santo Amaro – UNISA-SP. Nasceu no Amazonas e morou por muitos anos em São Paulo, onde lecionou em escolas públicas e palestrou sobre temática indígena e ambiental. Atua como líder indígena do povo Maraguá, motivo pelo qual regressou ao Amazonas em 2004, com o intuito de lutar pelos direitos de seu povo e pela demarcação de sua terras no rio Abacaxis. Desde 2011 mora na cidade de Parintins, no Amazonas, onde leciona para o ensino médio em escola pública. É autor de diversos livros, tendo recebido o selo Altamente Recomendável pela FNLIJ e o The White Ravens (seleção da Biblioteca de Berlim/Alemanha)É casado com a também escritora Lia Minapoty. Dela, pela mesma LeYa, ilustrei a história Com a noite vem o sono. Tive agora a oportunidade de desenvolver as imagens desta instigante história de uma mulher maraguá que aos poucos se  transforma numa criatura mítica, chamada Yaguarãboia, mistura de mulher e de onça e depois, de cobra çukuriju. Personagens híbridos incríveis povoam a literatura e o cinema. Quando comecei a trabalhar nas ilustrações do livro do Yaguarê lembrei de Cat People. Cuja versão original de 1942 foi baseada no conto The Bagheeta, de Val Lewton, de 1930. 
















As semelhanças param por aí? A narrativa de Yaguarãboia nasce da quebra de dois tabus tradicionais. Metamorfose é um fenômeno natural, e encarado com naturalidade pela sensibilidade indígena. A metáfora que motivou o título deste post foi inevitável. A transformação que acomete a protagonista o que significa? São muitas as sugestões embutidas para nos provocar. Como artifício gráfico o livro fechado é uma cabeça de onça. Que se abre, tal qual uma boca escancarada, para surpreender já na guarda. Na página seguinte há um busto de mulher, cortado à altura do pescoço, ornado com colares e gargantilhas. É uma espécie de preâmbulo visual.


YAGUARÃBOIA, A MULHER-ONÇA foi lançado no dia 12 de junho, às 13h00, na Biblioteca FNLIJ/Petrobras para Crianças, no Centro de Convenções Sul América, durante o 15º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens, no Rio de Janeiro - RJ. 

janeiro 02, 2013

ENCANTOS DO TIMOR-LESTE



De pai para filho, de avô para neto, o povo timorense gosta de contar e ouvir histórias que se perdem no tempo. Muitas surgiram lá mesmo na terra. Outras foram ouvidas dos portugueses (interessados no perfumado sândalo e em outras riquezas), dos indonésios, dos chineses e de outras gentes que por lá chegaram e viveram, mas ganharam o colorido do lugar. O contador tradicional de histórias no Timor recebe um nome muito especial, Lia Nai, que significa Senhor da Palavra. Palavra que encanta e que reúne as crianças fazendo brilhar seus olhos nas noites da Terra do Sol Nascente. Este livro da FTD reúne dez narrativas por mim ilustradas.



Ao norte da Austrália e ao sul da Indonésia, no sudeste asiático, fica a pequena ilha do Timor-Leste. É lá que vive o crocodilo que, ao contrário de muitos que vivem no leito dos rios, mora no mar. Os habitantes da ilha o chamam de Abô Lafaek, que significa Avô Crocodilo. Os timorenses apreciam festas longas, nas quais se dança o tebedai, ao som do babadok, e os homens bebem o vinho de uma palmeira. Geraldo Costa, o autor, viveu alguns anos no Timor-Leste. E foi contagiado pelas histórias que lá ouviu. A imagem da praia acima, por exemplo, abre o conto Lakuwatu e o rei dos morcegos. E as mulheres abaixo, exibem suas vestes cerimoniais (tais) e adornos nos cabelos (ulsuku), enquanto dançam e percutem seus babadoks, tambores exclusivos, em homenagem aos seus ancestrais.